O filme apresenta sequência de ação absurdamente grosseira: os acontecimentos são abusivamente surreais, o CGI é ruim e o design de som é péssimo, o roteiro sabota a si mesmo ao dar larga margem de previsibilidade quanto às personagens. O potencial enigma é fácil de desvendar já no primeiro ato, pois todas as indicações estão lá para ludibriar o espectador, que só se deixará levar se for ingênuo. Muita repetição do que já foi visto no gênero, inclusive em alguns filmes já protagonizados por Neeson. Porém, esse é o tipo de filme que não deve ser encarado como de má qualidade: com novidades pontuais e o carisma inigualável do ator, faz o básico para constituir um entretenimento. Recomendo no telecine
The Act
Sempre que começa baseado em fatos reais a trama gera uma emoção maior. Uma história horrorosa, daquelas que você não acredita, mas a humanidade parece não ter limites para maldade. A adaptação da história é sem dúvidas uma obra de arte, destaque para as protagonistas, uma das melhores atuações que já vi. Um dos melhores séries do gênero, a transmissão da tortura psicológica e física é evidente para quem assiste. Não consegue parar de assistir, mas não vê a hora de acabar. Super recomendo no Starz Play
Verão de 84
Uma produção que procurou se aproveitar do interesse do público por tempos passados, mas a mistura de gêneros e o carisma do elenco dão algo a mais ao longa. Não fossem as referências claramente jogadas nos diálogos, a experiência de imersão ficaria completa, sem falar da falta de consistência de alguns personagens, com uma trilha sonora, composta por diversas notas de sintetizador, dão o tom perfeito para cada momento. Verão de 84 não é necessariamente uma obra-prima e, apesar de algumas ideias mal realizadas, é uma ótima opção para quem quer passar o tempo com um filme divertido. Super recomendo no Amazon prime
Imperdoável
A princípio, os elementos apresentados seguem uma fórmula básica, em que uma impávida figura sai da realidade que passou a conhecer e retorna para um mundo cruel que, ao que tudo indica, não está disposta a lhe dar uma segunda chance, ainda que tenha cumprido o que lhe foi sentenciado. Não há de novo a ser visto nas investidas imagéticas, como a paleta de cores e a fotografia, contribuindo para a história mas, depois da chocante reviravolta que antecipa a conclusão, os eventos se arrastam em uma profusão de personagens desnecessários e que não contribuem em nada para si próprios e para os outros. Caso não fosse pela competência de um time de atores e atrizes que comanda cada cena que estrelam (em especial a irretocável encarnação de Bullock, que pode faturar uma indicação ao Oscar), o título seria apenas um divertimento barato sem algo de original a contar. Recomendo na Netflix
007 – Sem Tempo para Morrer
Diferente de filmes como Quantum of Solace e o próprio Skyfall , tudo é muito intenso e acelerado, com explosão atrás de explosão e cenas de tiroteio e perseguição intermináveis, mas que pouco aprofundavam seus personagens e suas relações.
E o que Sem Tempo para Morrer faz é criar pequenos momentos de respiro. São eles que permitem que a gente absorva a trama ao mesmo tempo em que os personagens são mais bem desenvolvidos. É aí que vemos o quanto a fórmula da série se tornou tão anacrônica quanto o seu protagonista. Ao mudar a estrutura da franquia e não se apegar a seus clichês — ou aquilo que a torna clássica, se preferir — é que podemos perceber o quanto a série se beneficia desse aprofundamento. Trilha sonora perfeita. Sem Tempo para Morrer consegue entregar esse Bond muito mais reflexivo sem abrir mão da ação, o que é ótimo. O filme segue a velha cartilha de sempre, mas adiciona novos elementos que enriquecem seu personagem e explora camadas e facetas que foram ignoradas até aqui. Ao parar por alguns minutos, a história nos deixa sentir o cansaço do protagonista com aquela vida e com todas as perdas, de experimentar a esperança de um novo recomeço e as dores de ver tudo isso ser tirado pelo vilão. Às vezes, as coisas não se resumem apenas a adrenalina. Super recomendo
Ferida
Ferida é também um filme de atuações afiadas. Não só a própria Berry( Jackie Angel) se entrega à personagem com dedicação irrepreensível, como também conduz Sheila Atim (como a treinadora Buddhakan), Adriane Lenox (como a mãe de Jackie, Angel) e o ator mirim Danny Boyd Jr. a performances moduladas com precisão à jornada emocional do filme, que ajudam a garantir o envolvimento do espectador e a transformar Ferida em algo mais do que um amontoado de clichês. Super recomendo na Netflix
Os Pequenos Vestígios
A grande maioria dos filmes de Denzel soltam uma questão sobre a humanidade, sobre como as pessoas são. Esse também é um deles. Normalmente estamos acostumados a ver filmes onde os protagonistas são sempre certinhos e sem falhas, ainda mais quando se trata de um policial. Durante o filme você pode perceber que uma das questões é sobre o bem e o mal. Quem é bom, quem é ruim? O filme deixa bem claro que essa é uma área cinzenta quando se trata de analisar os personagens. A criação da trama é lenta e sólida. Aos poucos, e nos detalhes, de maneira clara você vai conhecendo a motivação e o ser de cada personagem. Um ótimo filme que tenta(e consegue) fugir do clichê de filmes de policiais e detetives, onde o foco sempre é o policial pegar o bandido. E no final, fica ainda mais claro que há muito mais coisas a serem exploradas nos personagens e no roteiro como a simples trama do policial capturar o bandido. Super recomendo no HBO Max
Duna
Obra-prima, baseado no romance de Frank Herbert, é justo ressaltar que a qualidade desse filme só foi possível graças aos cuidados de Brian Herbert (filho do autor), ao vender os direitos do livro a um diretor adequado ao tema e contexto e graças a ÓTIMA versão já feita por David Lynch, que já carrega uma qualidade visual peculiar e única, mas que sobrevive até hoje. Diferente do que dizem, ambas as versões são extremamente assertivas e fruto do contexto da época em que foram adaptadas (1984 e 2021). Duna pode ser louvado como um dos livros em que suas adaptações foram extremamente fiéis aos livros e a mitologia proposta pelo autor. Super recomendo.
Dois Estranhos
O racismo institucional é tema deste curta-metragem merecedor de toda a atenção, que traz situações-problema tão atuais quanto a perigosa mania da sociedade em relativizar comportamentos problemáticos, muito bem produzido e fotografado. O roteiro é necessário, como uma aula do que a sociedade, mesmo que seja a norte-americana especificamente, enxerga quando decide relativizar o racismo. Super recomendo na Netflix
Os piratas da Somália
O filme conta a história do jornalista Jay Bahadur, que em 2008 resolveu se inserir na vida dos piratas da Somália, tentando entender seu estilo de vida e suas motivações. Estrelando Evan Peters como o jornalista, o longa também conta com Barkhad Abdi como o Somali chefe dos piratas (por acaso ele é conhecido por interpretar outro pirata em Capitão Phillips) e até mesmo Al Pacino. Dirigido pelo “novato” Brian Buckley, tendo apenas “Medalha de Bronze” no seu portfolio. No entanto, ele é especialista em outro tipo de audiovisual: comerciais. O diretor é conhecido como o “Rei do Super Bowl”, por já ter feito 50 comerciais que passaram no espaço mais caro do mundo. Super recomendo na Netflix